domingo, 28 de junho de 2009

São Paulo é referência até de crise

Vamos lá, estou preparado para que digam que é uma análise egocêntrica, que acho que o futebol orbita em torno do São Paulo Futebol Clube, mas ciente de minha parcialidade, convido-os para a minha análise:

Há 3 anos e meio com o mesmo técnico, sendo o melhor time do país no período, o São Paulo virou referência de organização e planejamento. Cabia aos clubes seguir a receita vencedora e tentar segurar seus treinadores o máximo de tempo possível. O campeonato brasileiro do ano passado, por exemplo, foi o de menor índice de demissões na era dos pontos corridos.

Bastou o tricolor quebrar a sequencia e botar o Muricy na rua para que uma avalanche de especulações pairasse no mercado do futebol. Agora todos os "professores" estão sob a pressão da troca eminente.

O Palmeiras foi o primeiro a seguir a fila puxada pelo São Paulo, arranjou uma desculpinha e sacou o Luxa, sonhando com Muricy. Mancine fez milagre no Santos, pegou um time ridículo, levou à final do paulista, faz uma campanha razoável no Brasileirão e já dizem que está na berlinda. Parreira, Cuca e Dorival são outros ameaçados pela nuvem negra criada pela saída do Muriçoca. Mas o principal indício da tempestade foi detectado no Corinthians, o time sensação em 2009. O desejo antigo da diretoria Corinthiana por Muricy e Luxa, que agora estão disponíveis, botou pressão no quase inquestionável Mano Meneses. Já condicionam a permanência do gaúcho à vitória na Copa do Brasil, tem cabimento?

Pois é, até a crise do São Paulo é referência para os demais.

sábado, 20 de junho de 2009

Um ano atípico

A demissão do Muricy decreta que o São Paulo vive um ano anômalo. Não por ter perdido a Libertadores, já que a eliminação continental tem feito parte da rotina dos últimos 4 anos, nem por estar jogando mal, fato comum nos primeiros semestres dos últimos tempos. Mas por se desenhar um cenário extra-campo muito atípico no tricolor.

Desde 2004 não demitia um treinador - Leão e Autuori pediram para sair e Muicy estava há 3 anos e meio no cargo. Há muito não se via tanta intriguinha entre jogadores e a torcida faz tempo que não estava em tanto desalento. Por tudo isso, ser outra vez campeão brasileiro é quase uma utopia, e aí se configura a maior novidade: um ano sem títulos.

E não é nem o ano sabático que me incomoda, tantos times vivem sem títulos há décadas e se encorajam a torcer e provocar rivais. Desconforta-me ver a diretoria, que gaba-se de organização e vanguarda, agir no impulso amador e caçar culpados, como se isso fosse preciso.




Eu me irritei demais quando vi Richarlisson entre os titulares no jogo decisivo contra o Cruzeiro. Também concordo que o São Paulo não tem muita novidade tática, é um time limitado na parte criativa e que não tem brilho nos mata-mata. Mas basta ouvir uma entrevista do Muricy para me sentir amparado e seguro de que tem alguém que errando ou acertando sabe o que e porque está fazendo as coisas.

Ouça a íntegra da entrevista de despedida do Muriçoca (muito boa!)

Valeu Muricy, um homem correto, um treinador vencedor, um são-paulino roxo, um grande ídolo. Um cara que teve o tapete puxado e mesmo assim saiu sem tornar públicos os reais problemas internos, em respeito ao time que fica, pelo qual ainda torce.

Ricardo Gomes? Fosse quem fosse, só o tempo dirá como será. A princípio não simpatizo muito com ele. Achava-o muito sonso e apático nos tempos de seleção olímpica, mas isso já faz algum tempo, e desconheço seus trabalhos recentes na França.

Sorria Corinthiano, o ano é seu.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Palmeiras e São Paulo: Duas eliminações, só um derrotado

O São Paulo entra em crise pelo quarto ano consecutivo. Há três temporadas, termina o ano como o melhor time do país. Não dá pra prever, e acho muito difícil, que essa ironia se repita mais uma vez, mas só o fato dessa sequencia atormentadora para os adversários ter se formado, já é um bom motivo para que se mantenha respeito e ressalvas na hora de criticar o tricolor.

O fato concreto e de momento é que sucumbiu em seu objetivo principal no ano. Adotar o discurso de que a meta era a Libertadores implica em julgar que a temporada já foi comprometida, um novo título brasileiro é um consolo e tanto(e que outro time poderá considerar o campeonato nacional mais difícil do mundo como consolo?), mas não esconderá o trágico início de temporada.

O time do Morumbi tinha o melhor elenco do país, comprovado pelo Hexa, e ainda trouxe três reforços do time que o eliminara na libertadores passada - Washington, Arouca e Junior César. Além de Eduardo Costa e Marlos, titulares do time. Ou seja, o melhor elenco melhorou. Mas as coisas não andaram e a derrota para o Corinthians no Paulista e a fatídica eliminação no Morumbi lotado contra o Cruzeiro confirmam a crise no Morumbi, não há mais como negar.

Pode ser uma crise de identidade, de um time que precisa se transformar mesmo que permaneçam os mesmo jogadores e comissão técnica. Pode ser uma crise de liderança, muito desfalcada com a contusão do capitão mitológico Rogério Ceni. Pode ser uma crise de relacionamento, ocasionada por um grande número de jogadores para poucas vagas no time. Mas é crise, e, diga-se, bem complicada de se solucionar.

Quem tem uma sensibilidade maior para o futebol percebe que o quadro pendia para uma derrota para o Cruzeiro. Quando vaidades no elenco passam a virar notícia é que a coisa não vai andar mesmo. Quando o símbolo maior do time começa a falhar depois tem a pior contusão da carreira. Quando passa por uma oitavas-de-final sem jogar. E por fim, quando o jogador que foi contratado para decidir os jogos e ser o diferencial (por mais grosso que ele seja, Washington é decisivo) tem que ser substituído no intervalo do jogo e quando se fica com um jogador a menos, precisando reverter o resultado, esquece, ansiar por sucesso é quase esperar por um milagre.

Já que falei de milagre, vou comentar do Palmeiras que teve uma eliminação menos traumática, ainda que na mesma fase. Simples. O time verde chegou até agora por verdadeiros milagres, viu-se fora da competição outras três vezes, pelo menos, antes da queda factual. Têm um time muito mais modesto, e ainda que sua sonhadora torcida acreditasse em título, chegou longe de mais e fez um papel honroso para os jogadores que tem. Vanderlei e os atletas não merecem um protesto sequer.

Dizem que foi honroso para o Palmeiras, porque o time lutou, jogou bem e perdeu num detalhe. Estou em pleno acordo. Dizem também que o São Paulo foi vergonhoso, perdeu os dois jogos, sem muito brilho, sem luta, e em casa. Concordo também. E isso támbém é o que confirma a minha análise, se o momento do São Paulo estivesse para dedicação, jogar bem e brilhar, nem os detalhes os venceriam, o São Paulo atropelaria.

Espera-se muito mais do time de Muricy pelo elenco que dispunha e fica a sensação que tinha que ser diferente. Já do Palmeiras, estar na Libertadores já era um lucro enorme, galgar fases foi conseguir algo além dos seus próprios limites técnicos, por isso o verde merece os parabéns pela campanha e o São Paulo amargará a crise por algum tempo ainda.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

O basquete coletivo

É com imensurável prazer que abro espaço no Desempate para o basquete.

Pego carona no sucesso da atual temporada da NBA, muito em função do show de transmissão que a ESPN brasileira tem dado, e numa empolgante repercussão que tenho sentido em pessoas que não imaginava tivessem esse gosto para coisa. É frustrante assistir, acompanhar, jogar e torcer em um esporte em que tenho uma meia dúzia de amigos com quem debater. Escreverei, enfim, sobre o meu esporte em essência.

Os playoffs da liga americana desta temporada têm demonstrado um equilíbrio sem precedentes. Poucas séries com vitórias de apenas uma equipe, muitos jogos com prorrogações e definições nos últimos segundos e embates entre jogadores com atuações de saltar aos olhos.

Entusiasmado, tive vontade de fazer um post já durante a incrível série Boston x Chicago. Os atuais campeões duelaram até a última gota de suar para despacharem o jovem e talentoso time dos Bulls. Depois, as finais de conferência também mereceriam destaque. Além do ineditismo de ver brasileiros envolvidos, como protagonistas, o nível de disputa das partidas foi um espetáculo. Torcia para Denver e Orlando se enfrentarem nos playooffs finais, o porquê dessa torcida é o debate que proponho.

Sem viadagem, tenho pequenas excitações ao assistir Kobe e Lebron jogando. Kobe beira a perfeição técnica, não tenho dúvida que é o que mais chegou perto, mesmo ainda estando muito longe, de Michael Jordan. Lebron é um monstro que simplesmente chegou a perfeição atlética para um jogador de basquete. O 23 dos Cavs tem a habilidade de um armador, o poder de decisão e precisão de um lateral, e o corpo de um pivô. E ainda defende muito.

Mas torço contra os dois enquanto adotarem, eles e seus respectivos técnicos, essa postura individualista. Acho um retrocesso tático. Irrita-me ver o Kobe partindo para um chute forçado sendo marcado por dois ou três caras. Revolta-me ver o Lebron subindo em direção ao aro com o garrafão congestionado pelos 5 defensores mais um outro companheiro do seu time. Irrita mais porque isso acontece pelo menos uma dezena de vezes por partida. Irrita mais ainda porque eles acertam muitas dessas bolas.


Mas, eu resigno a prática porque imagino que o jogo não pode ser tão polarizado. Os "times" ficam muito condicionados e dependentes dos caras. Dificilmente o Cleveland, por exemplo, vence um jogo em que o Lebron não tenha feito tudo sozinho. Foi assim na final do Leste, os 4-2 foram praticamente 4 derrotas do James contra 2 vitórias dele.

Na final entre Orlando e Lakers está dando para ver isso nitidamente mais uma vez. Salvo a primeira partida que foi um baile. Kobe ganhou praticamente sozinho o jogo 2. E não há quem não tenha comentado que ele foi o responsável pela derrota no terceiro jogo.

Não quero comparar ninguém a Michael Jordan, mesmo porque serei injusto seja lá com quem for. Mas sempre dou o exemplo dele de cara que conseguiu ser espetacular, decisivo, e essencialmente coletivo. Ele é o maior jogador de todos os tempos, podia enfiar a bola de baixo do braço e fazer o que quisesse, mas conseguia fazer o time jogar. Todos sabem que ele era o cara, mas ninguém é louco de discutir o quanto foram importantes Pippen, Rodman e outros como Toni Kukoc, por exemplo, nos anos de dinastia do Chicago.



Em tempo, preciso admitir que o Kobe tem evoluído consideravelmente nesse aspecto. Talvez esteja aprendendo com as pancadas que levou nas últimas temporadas.


Farei mais posts sobre basquete.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

O Morumbi não tem condições de receber jogo da Copa. E Cuiabá?

Tô me incomodando com esse negócio de estádio pra Copa...


Domingo passado, 31 de maio, a FIFA anunciou as 12 cidades brasileiras que serão sede de jogos da Copa 2014. Como esperado, São Paulo estava entre as escolhidas. Aí veio a tona mais um pouco de uma briguinha besta entre os clubes da capital. Falou-se mais disso do que de bola. Minha vez.



Primeiro, é muito mesquinho Corinthians, Palmeiras e Santos tentarem melar a canditura do Morumbi, só por birra. Rivalidade? Esses times alugaram e usufruiram do Cícero Pompeu de Toledo até agora, nunca se importaram de mandar muitos dos seus jogos mais importantes no campo tricolor, e agora vêm com essa.

Agora, o princial, e o que mais me indigna:

Acho muito curioso quando 'não sei quem' vem dizer que o Morumbi não tem estrutura para receber jogos da Copa. Então tá, um lindo terreno arborizado e inabitado em Manaus é que tem né? Ou talvez um pasto em Cuibá apresente melhores condições. Ou até mesmo, Brasília, que sempre teve times tradicionais, com muita torcida, seria o lugar ideal para um estádio de grande porte.

Lógico que o Morumbi, como está, não tem condições!
Nenhum tem (no Brasil).
Ninguém pode testemunhar melhor sobre o desconforto e a falta de organização que se tem em um jogo no estádio tricolor, do que o próprio torcedor que o frequenta, como é o meu caso. Desafio, no entanto, expectadores de outros grandes estádios brasileiros a apresentarem condições melhores. É a infeliz realidade brasileira, que têm de ser, e tenho fé que será, mudada nos próximos 5 anos.

Mas, em meio a projetos faraônicos que ainda não passam de papeis de orçamentos vultosos, fica fácil esnobar a "casa" do São Paulo F.C. e o Maracanã, por exemplo, que é o que se têm de concreto.

Morumbi e Maracanã merecem ser sedes, não só por que são os mais preparados de HOJE, nem por que serão os mais uteis no FUTURO, mas por contarem grande parte da história do futebol. Por terem sido palcos tradicionais no PASSADO, não seria justo que fossem excluídos do cume dessa história.

Um boa reforma no estádio (que por melhor que venha ser, vai gastar menos que subir um novo), investimentos, principalmente no acesso viário (que seriam necessários em qualquer outra região de São Paulo) e pronto. Não terá campo melhor preparado no país para jogo de Copa.

Desse negócio de abrir a Copa ou não, o assunto é ainda mais da política que do espetáculo. Anseio pelo bom-senso, só isso.