quarta-feira, 10 de junho de 2009

O basquete coletivo

É com imensurável prazer que abro espaço no Desempate para o basquete.

Pego carona no sucesso da atual temporada da NBA, muito em função do show de transmissão que a ESPN brasileira tem dado, e numa empolgante repercussão que tenho sentido em pessoas que não imaginava tivessem esse gosto para coisa. É frustrante assistir, acompanhar, jogar e torcer em um esporte em que tenho uma meia dúzia de amigos com quem debater. Escreverei, enfim, sobre o meu esporte em essência.

Os playoffs da liga americana desta temporada têm demonstrado um equilíbrio sem precedentes. Poucas séries com vitórias de apenas uma equipe, muitos jogos com prorrogações e definições nos últimos segundos e embates entre jogadores com atuações de saltar aos olhos.

Entusiasmado, tive vontade de fazer um post já durante a incrível série Boston x Chicago. Os atuais campeões duelaram até a última gota de suar para despacharem o jovem e talentoso time dos Bulls. Depois, as finais de conferência também mereceriam destaque. Além do ineditismo de ver brasileiros envolvidos, como protagonistas, o nível de disputa das partidas foi um espetáculo. Torcia para Denver e Orlando se enfrentarem nos playooffs finais, o porquê dessa torcida é o debate que proponho.

Sem viadagem, tenho pequenas excitações ao assistir Kobe e Lebron jogando. Kobe beira a perfeição técnica, não tenho dúvida que é o que mais chegou perto, mesmo ainda estando muito longe, de Michael Jordan. Lebron é um monstro que simplesmente chegou a perfeição atlética para um jogador de basquete. O 23 dos Cavs tem a habilidade de um armador, o poder de decisão e precisão de um lateral, e o corpo de um pivô. E ainda defende muito.

Mas torço contra os dois enquanto adotarem, eles e seus respectivos técnicos, essa postura individualista. Acho um retrocesso tático. Irrita-me ver o Kobe partindo para um chute forçado sendo marcado por dois ou três caras. Revolta-me ver o Lebron subindo em direção ao aro com o garrafão congestionado pelos 5 defensores mais um outro companheiro do seu time. Irrita mais porque isso acontece pelo menos uma dezena de vezes por partida. Irrita mais ainda porque eles acertam muitas dessas bolas.


Mas, eu resigno a prática porque imagino que o jogo não pode ser tão polarizado. Os "times" ficam muito condicionados e dependentes dos caras. Dificilmente o Cleveland, por exemplo, vence um jogo em que o Lebron não tenha feito tudo sozinho. Foi assim na final do Leste, os 4-2 foram praticamente 4 derrotas do James contra 2 vitórias dele.

Na final entre Orlando e Lakers está dando para ver isso nitidamente mais uma vez. Salvo a primeira partida que foi um baile. Kobe ganhou praticamente sozinho o jogo 2. E não há quem não tenha comentado que ele foi o responsável pela derrota no terceiro jogo.

Não quero comparar ninguém a Michael Jordan, mesmo porque serei injusto seja lá com quem for. Mas sempre dou o exemplo dele de cara que conseguiu ser espetacular, decisivo, e essencialmente coletivo. Ele é o maior jogador de todos os tempos, podia enfiar a bola de baixo do braço e fazer o que quisesse, mas conseguia fazer o time jogar. Todos sabem que ele era o cara, mas ninguém é louco de discutir o quanto foram importantes Pippen, Rodman e outros como Toni Kukoc, por exemplo, nos anos de dinastia do Chicago.



Em tempo, preciso admitir que o Kobe tem evoluído consideravelmente nesse aspecto. Talvez esteja aprendendo com as pancadas que levou nas últimas temporadas.


Farei mais posts sobre basquete.

5 comentários:

PEDRO BOMBONATTI disse...

A NBA está demais...

Post perfeito, mas venho aqui colocar uma polêmica no ar. Como me irrita a comparação entre LeBron e Kobe.

Sem dúvidas, o Kobe é muito mais jogador. E digo mais, o Kobe Lebronzou ontem... Falhou no momento decisivo!

Jogasso, espero que a série vá até o jogo 7.

Unknown disse...

Pedrão, discordo em parte do seu comentário. Kobe pode até ser melhor que o lebron, mas não é "muito mais jogador". Nem a pau. A diferença é que, no lakers, ele tem o gasol que é mais jogador que qualquer um do cleveland fora o 23.

Também acho que o Kobe tá com crédito pra errar.
No balanço geral, o saldo dele ainda é positivo.
Além disso, só uma catástrofe pro lakers perder o caneco esse ano.

J. Big Love disse...

Também concordo com os olhos clínicos dos meus três amigos(Também tenho outros amigos além deles).

E pra continuar as comparações: acho o Kobe é tão bom quanto o Michael Jordan que tbm já Lebronzou muitas vezes no final de jogos. O Lebron como o Tonhão descreveu bem, é incrível e tem tudo pra ser tão bom quanto os outros dois.

E digo mais. Eu sou a favor e talvez um adepto a polarização do jogo. hahaha

Todo mundo tem o poder de decidir. Tá todo mundo lá na quadra. Todo mundo pode pegar a bola. Todo mundo pode fazer o arremesso. Mas não é todo mundo que tem coragem.

O atleta tem que conhecer as suas porcentagens.
O cara acerta 50%. Vc acerta 25%. Quem vai fazer os arremessos decisivos?

Antonio Romero disse...

Tinha certeza dessa opinião do Joni, por isso fiz questão que ele entrasse na discução.

Então, a polarização do jogo muitas vezes não é uma opção e sim uma necessidade de um time.

Mas na NBA é diferente, acho difícil que um jogador não tenha um bom aproveitamento chutando equilibrado. Por isso, reforço que prefiro um Ariza chutando equilibrado, do que o Kobe forçando.

E essa minha opinião é mais que uma questão de resultados, defendo um jogo mais coletivo por uma espécie de lirismo no esporte, ou romantismo. Acho muito mais bonito ver um time em que 10 jogadores pontuam e colaboram, do que uma equipe em que 1 ataca e 5 defendem.

Antonio Romero disse...

*ss